Soluções em Pauta
Em meio ao aumento de cyberataques, privacidade de dados ganha força como diferencial de negócios
Especialistas debateram o tema em encontro virtual realizado pela Oi Soluções em parceria com a Época Negócios
A privacidade de dados impacta a vida de todos, da sociedade em geral a empresas públicas e privadas. Com a aceleração da digitalização observada nos últimos anos e o início da aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), o tema vem ganhando cada vez mais relevância, assumindo protagonismo na agenda estratégica das organizações. “A privacidade dos dados como diferencial dos negócios” foi tema da última edição do Soluções em Debate, encontro virtual realizado pela Oi Soluções em parceria com a Época Negócios.
Com mediação do jornalista Vinicius Dônola, o bate-papo começou com a participação especial da Vice-presidente de compliance, governança e sustentabilidade da Oi, Renata Bertele, que destacou como a privacidade é um atributo importante para estabelecer uma relação de confiança com clientes, futuros clientes e todos aqueles que se relacionam com uma empresa:
“Nós, como organizações, precisamos trazer um novo olhar para esse tema, estreitar nossa relação com nossos clientes, explicar como funciona na prática e o que isso muda nas relações. O diferencial está no cuidado com as pessoas, e privacidade fala muito disso, corresponde ao cuidado com os dados pessoais e o respeito às escolhas de nossos clientes”, afirmou.
Luis Fernando Prado, sócio do escritório Prado Vidigal Advogados, reforçou que a LGPD não é uma lei restritiva por natureza, mas que elenca hipóteses, ou seja, condições para que seja possível fazer a coleta de dados.
“A lei não inviabiliza negócios, mas muda, para o bem, a forma como eles devem ser feitos para que as empresas tenham mais eficiência nos seus processos. É um ganho relevante para o titular dos dados”, concluiu.
Para o diretor de digital, CRM, Inovação e CX do Grupo Bradesco Seguros, Fábio Dragone, a lei traz benefícios tanto para o consumidor quanto para os negócios.
“Do ponto de vista dos segurados, tem uma questão essencial, de transparência. A farra dos dados do marketing digital tinha que acabar em algum momento. Para nós como empresa tem o ganho de organizar o que pode ser feito para não ficarmos a mercê do bom senso”, completou.
A procura por soluções de segurança cibernética também foi abordada como consequência do aumento de incidentes e da criação da LGPD, como destacou o diretor de Segurança da Informação da Oi, River de Morais e Silva:
“A necessidade de proteger o negócio já estava lá, antes da lei. A partir do momento que você tem a lei que estabelece critérios e obrigações a respeito da proteção e da salvaguarda das informações, é natural que exista um impulsionador na busca das soluções para proteger as organizações e haja maior necessidade de pesquisa, investimento e contratação de soluções para buscar a forma como proteger as informações dos consumidores”, declarou.
Nível de confiança por setor
O embaixador da Oi Soluções Andrea Iorio lembrou que os vazamentos de dados afetam não apenas os clientes, mas os segmentos de negócios. Ele citou um relatório recente da Mackenzie que avalia o grau de confiança dos clientes de acordo com o tipo de indústria.
“Os setores financeiro e de saúde têm a maior confiança dos clientes: 44% dos clientes disseram confiar na forma como seus dados são tratados por essas indústrias. Quando migramos para o varejo, já cai. E na indústria alimentícia ou de fast moving consumer goods (bens de consumo rápido), a taxa já cai para faixa de 10 a 20%", afirmou.
Iorio chamou atenção para o fato de nenhum setor chegar a 50%, o que revela um senso de urgência muito forte na reconstrução da confiança.
Vazamento de dados e responsabilização
O debate também abordou o processo de responsabilização das empresas, levando em conta o consenso de que não é possível existir uma blindagem digital, ou seja, uma garantia de que o vazamento de dados não vai acontecer.
Luis Fernando Prado destacou então a importância da accountability ou prestação de contas, explicando que o grau de responsabilização da empresa vai ser inversamente proporcional à conduta que foi adotada antes e depois do ataque.
"Quanto mais a empresa investe e se prepara para esse tipo de ataque, para esse potencial vazamento, mais argumento jurídico ela vai ter para mostrar que a responsabilidade dela é menor", explicou.